As tuas crianças fazem tudo o que querem. Não têm regras!
(…) ”Não sabem que têm de estar sentadas…” a lista do que ouço diariamente continua e eu, enquanto educadora quero perguntar-te especificamente:
- O que é fazer tudo?
- O que é ter regras?
- Que regras são essas?
- De onde emergem?
Quando senti que queria ser educadora de infância, ambicionei que a minha prática fosse ao encontro do que seria ecológico para a criança e para o todo, respeitando-a enquanto ser único que é. Visualizei também, dar oportunidade a que as crianças pudessem experienciar momentos lúdicos e pedagógicos, onde não sou vista como autoridade e onde a criança não é inferior a mim.
Na minha sala, acredito que as crianças são respeitadas, podendo escolher que atividade querem fazer ou não, onde se sentem confortáveis para estar e ser naquele momento. São escutadas, e conseguem manifestar as suas vontades, desejos, necessidades e opiniões. São amadas, porque acredito que vivendo em amor, generosidade, cuidado (valores da Parentalidade Generativa) todo o nosso campo difunde e expande amor, generosidade e cuidado.
Não fiz o juramento de Hipócrates, mas tenho as minhas intenções bem definidas sobre o que quero ver no mundo e de como pensar e comportar-me à altura. E assim, a minha vivência de educadora e mãe (de ser humano, ante de mais) assenta na Parentalidade Generativa, que me permite viver em holonarquia, onde todos contribuem para o bem-comum, com os seus dons únicos, em totalidade e inteireza. Somos um todo, precisamos de todos para evoluir e avançar enquanto humanidade.
Eu manifesto a minha vontade, que pode concretizar-se ou não. E a criança tem exatamente o mesmo direito que eu, de manifestar a sua, podendo ser concretizada ou não.
Como educadora falo-te de um lugar de amor, de compaixão, de coração para coração: estabelecer limites é educar com amor, respeitar a criança quando permites que ela possa ser quem é, é educar com amor. Ouvi-la quando ela te diz ou mostra que hoje não quer sentar para ouvir a história, é educar com amor!
Só que para estabelecer estes limites, primeiro, tenho que assumir responsabilidade pessoal e definir os meus, em consciência. Liberta-te das crenças de que o adulto manda e é superior à criança. Olha para a tua criança interior e nem tu acreditas nisso, certo?!
Coloca o foco em ti mesmo, no teu coração, talvez queiras fechar os olhos e viajar até um momento onde te sentiste imensamente amado. Traz esse momento até aqui e define agora, as tuas intenções sobre o que queres ver no mundo de como vais tu ser exemplo da tua visão. O resto, acontece naturalmente.
Com amor,
Cátia