Estabelecer e comunicar limites na Parentalidade Generativa
Uma das questões mais comuns, na parentalidade & educação, relaciona-se com os limites, regras, normas e a Parentalidade Generativa apresenta uma prespectiva particular dos mesmos. Quando estamos alinhados e vivemos em ressonância com o nosso coração, sabemos o que queremos ver acontecer no mundo e como nos convertemos em agentes de mudança, contribuindo para que o sonho se concretize. Essencial, na forma como vivemos a parentalidade e educação.
Neste alinhamento entre o que somos, fazemos e dizemos, a forma como nos relacionamos com os outros, respeitando cada mapa mundo, sabendo que o mapa não é o território (pressupostos da Programação Neurolinguística), na forma como expomos o que é importante para nós e como respeitamos os nossos verdadeiros limites – não aqueles que fomos absorvendo durante o nosso crescimento e que tendemos a perpetuar como um padrão – estabelecendo de forma clara e assertiva, quais as fronteiras, é a diferença que faz a diferença.
Viver de forma Generativa é viver em alinhamento! É sermos conscientes de quem somos, do que fazemos e de como fazemos o que fazemos, com que intenção. E quando o assunto são limites, ainda mais fundamental é!
Perguntas para estabelecer limites na parentalidade
Se queremos estabelecer limites, é necessário que conheçamos muito bem que limites são esses, de onde emergem e como somos o exemplo prático dos limites que queremos assumir e viver.
Para nos consciencializarmos da forma como estamos, ou não, a ser esse exemplo, podemos parar e refletir, com generosidade, sem julgamento, sobre estas questões:
- Como é possível que se grite com as crianças, perdendo o controlo, verbalizando e incorporando coisas que magoam e, depois, esperar que elas saibam gerir as suas emoções?
- Como é possível que vivamos em piloto automático, a correr de um lado para o outro, agarrados, horas a fio à tecnologia, em transe, completamente alienados do que se passa em nós e à nossa volta, e depois, exigir que as crianças sejam focadas e concentradas?
- Como é possível que façamos uma ingestão apenas do que gostamos e nos apetece, que comamos fora de horas, que não toquemos em frutas, legumes e vegetais e, depois, obriguemos a criança a comer tudo o que tem no prato?
A Parentalidade Generativa, diz-nos que quando falamos em limites, em colocar limites, para além de estarmos bem conscientes de quais são os nossos, devemos estar muito atentos ao exemplo que damos e somos. Como diz a Rita Aleluia, “as crianças escutam as nossas respostas (verbais) só que vivem muito mais atentas, à forma como vivemos essas respostas”.
Se há algo em que as crianças são verdadeiros Gurus é a ensinarem-nos que se agirmos apenas, com a intenção de que elas se comportem como queremos, muito provavelmente elas não vão cooperar. Até porque os neurónios espelho vão encarregar-se de revelar a incongruência na nossa (pais, educadores) intra-comunicação.
Primeiro: SER o exemplo, depois criar conexão e, só então, esperar COOPERAÇÃO. E esta conexão deve ser autêntica, genuína, partir do coração, desde as nossas emoções generativas (ou regenerativas, já que nos regeneram). Isto, em vez da necessidade de se ter razão (que emerge do lado tóxico do ego, que quer ser visto, reconhecido e pede para ser acolhido, integrado e transcendido. Ou seja, do lado das emoções degenerativas,)!
É importante ter presente que as crianças sentem quando o adulto não está com e para ela, desde o coração, quando não está a ser genuíno na sua identidade, camuflando intuição e verdadeiros instintos. Ao sentirem estas incongruências emocionais, por parte do adulto, pode ser que emerjam mais choros, mais conflitos, uma procura evidente de “testar” de limites, mais necessidade de contacto físico, mais resistência ao que lhes é pedido… Porque as crianças vão absorver todas essas incongruências o que se reflecte nos seus comportamentos. Daí ser tão importante fazermos um trabalho de investigação pessoal e assumirmos responsabilidade (também) pessoal, pelo nosso papel enquanto adultos que somos e de como o nosso comportamento também pode ser a resposta ao comportamento das crianças, sabendo que não somos o nosso comportamento, que ele é sempre o melhor que podemos ter a cada momento, que tem uma intenção positiva na sua origem e que está a comunicar-nos algo… E investigamos também em que patamar dos Níveis Neurológicos todo o processo se desenvolve e onde podemos intervir com transformação imediata e harmoniosa, para todos (e isso, é tema para outro artigo)… Até lá!
P.S. – Backtracking: Quando estabeleço e comunico em congruência e autenticidade os meus próprios limites, estou apta a fazer o mesmo com os demais.