Home  /  Famílias Generativas   /  A respiração como fonte essencial na mudança de padrões

Respirar! Função biológica comum a todos nós. Mas, apesar de ser algo natural, grande parte de nós desconhece os seus mecanismos e dominá-los então, é um total mistério. Sabemos que a vida ocorre entre a primeira inalação e o último suspiro. Respirar, é de facto, inato e intrínseco ao momento em que nascemos, e talvez por isso poucos se dediquem a aprender a respirar. Sobretudo na fase adulta, em que as nossas vivências nos vão dando forma à forma como respiramos.

A verdade irrefutável, é que a vida requer que respiremos. Podemos viver muitos dias sem comer, vários sem beber, mas apenas alguns minutos sem respirar. Respirar é uma função de todos os movimentos da vida. A forma como respiramos influencia profundamente todas as áreas da nossa vida, desde a nossa saúde física e mental ao equilíbrio emocional e harmonia interior. A forma como respiramos e a consciência disso determina a forma como encaramos a vida. E o mais fascinante é que vivemos como respiramos e respiramos como vivemos!

Respiração consciente na Programação Neurolinguística

Na Programação Neurolinguística (PNL), muito se tem falado de respiração, como uma importante forma de nos sincronizarmos com outras pessoas e estabelecermos rapport de forma mais efectiva e profunda. Fala-se também de ser uma importante pista quando calibramos as mudanças fisiológicas de alguém. Mas, talvez o mais importante, pouco se tem falado! E é sobre respiração consciente que proponho dedicar este artigo, e falar do trabalho que tenho desenvolvido ao juntar o melhor destes dois mundos.

Pare! E respire profundamente. Será que está ciente dos seus padrões de respiração? Quando foi a ultima vez em que pensou na relação intima entre a sua respiração, o seu corpo e a sua mente? Em que momentos respira mais rápido ou mais devagar? Se de vez em quando cessa a respiração? Ou que parte do pulmão é mais usada?

Pois é… estamos tão acostumados a respirar que todo o nosso acto respiratório é, na maior parte do tempo, inconsciente. Só nos tornamos conscientes da nossa respiração quando ocorre algo fora dos nossos padrões respiratórios habituais.

Já lhe aconteceu alguém fazer uma pergunta difícil que não sabe como responder? Ou estar perante um júri que vai avaliá-lo? Ou diante de uma enorme plateia? E nesse momento suspende a respiração, ao ponto de só se aperceber disso quando já está a ficar roxo de falta de ar. E o que fez nesse momento? Provavelmente, respirou fundo para poder novamente oxigenar o seu cérebro e o seu corpo e dessa forma voltar a ter acesso aos seus recursos internos. É disso que estou a falar, voltar a atenção para a respiração, e fazê-la de forma consciente é a chave para melhor gerirmos o nosso estado interno, e independentemente da adversidade, podemos respirar através dela.

A respiração como chave para aceder aos recursos

A respiração é a chave para aceder a todos os nossos recursos internos! Um dos mais fascinantes pressupostos da PNL diz-nos que não existem pessoas sem recursos, mas mapas mentais sem recursos, e eu acrescento, que não existem pessoas sem recursos, mas pessoas que não desenvolveram habilidades de respirar controlada e conscientemente.

Então, não se trata apenas de respirar como um movimento processado automaticamente pelo nosso inconsciente, onde não temos nenhuma intervenção intencional e consciente. Pelo contrário, a respiração é o barómetro do nosso estado interior, ela espelha os nossos processos internos de pensamentos, emoções e sensações. Tudo o que sentimos é registado pela respiração e esta responde em conformidade. Quando respiramos de forma irregular, a nossa mente oscila, mas quando estabilizamos a respiração, a mente também se estabiliza.

O ponto fundamental de tudo isto, é que ao influenciarmos a nossa respiração com as nossas sensações, pensamentos e emoções, o inverso também é verdade – a forma como respiramos afecta e influencia também essas mesmas sensações, pensamentos e emoções. É um sistema que se influencia mutuamente, e esta é a diferença que faz a diferença. Podemos de forma consciente e intencional alterar os nossos padrões respiratórios e isso irá afectar, inevitavelmente, o nosso estado interior de ser.

Respirar pode e deve ser aprendido, podemos integrar um maior número de competências no uso da nossa capacidade respiratória e ancorar a nossa neurologia a bons padrões respiratórios que nos permitirão desenvolver qualquer tipo de actividade com o desempenho que desejamos para ela.

A respiração centra-nos e torna-nos presentes – respirar só acontece agora! Se a atenção centrada no corpo é o que nos permite interromper os automatismos disfuncionais do nosso inconsciente, a atenção centrada na respiração é a essência da mudança interna.

“A respiração é a ponte que conecta a vida com a consciência,

que une o seu corpo aos seus pensamentos.

Tich Nhat Hanh

Viver as práticas conscientes da respiração

O sistema nervoso autónomo regula todas as funções autónomas do corpo, sejam elas fisiológicas ou psicológicas. Estima-se que uma percentagem muito reduzida da função humana seja “consciente”. Consequentemente, o sistema nervoso autónomo tem um grande trabalho a fazer. A boa notícia é que existe uma ponte que conecta a nossa mente consciente e as nossas funções autónomas inconscientes – a respiração.

Como podemos fazê-lo? Adoptando práticas de respiração consciente. Sim! Integrar nas nossas práticas diárias tempo para estarmos conscientes da nossa respiração, torna-la mais profunda, abdominal, nasal e ritmada. Ao fazermos isto, estamos a produzir um conjunto de mudanças inconscientes pois a respiração vai onde a atenção não necessariamente chegaria sem ela.

Tornar-se consciente da sua respiração, e integrar no seu dia a dia novas práticas respiratórias irá permitir que, no momento certo, o seu sistema nervoso já estará “educado”, a aprendizagem de novos padrões já estará feita nos “músculos”, o que fará com que a sua respiração inconsciente seja mais profunda, mais tranquila e mais harmoniosa. O propósito de treinar a respiração é criar um sistema nervoso mais forte e mais estável e, com isso, tornar a respiração profunda e ritmada a sua própria respiração natural.

O que mais me fascina, são os resultados que podemos obter quando cruzamos a respiração consciente com outros padrões, técnicas e modelos da PNL. Qualquer processo de mudança que use uma técnica da PNL, é fortalecido e torna-se mais efectivo se em vez de usarmos a respiração apenas como uma pista a ser calibrada, a usarmos intencional e conscientemente como o combustível que activa a própria mudança. O ritmo respiratório é o ponto essencial para permitir que a mudança ocorra de facto no inconsciente.

E para terminarmos, por agora, faça uma inspiração profunda e expire no dobro do tempo. Seja feliz!

Gosta de gente, da vida, de pintar, de florestas, de dançar, de gnomos e de abraços. Fascinada pelas histórias que cada um transporta em si, sente-se espectadora e participante da arte de fazer a existência humana brilhar. Dentro das suas áreas de formação, destacam-se a Programação Neurolinguística, o Coaching, o Mindfulness e a Respiração Consciente. É Master Trainer de PNL, Life & Executive Master Senior Coach, especializada em práticas de mindfulness e respiração. Há 9 anos que trabalha com o desenvolvimento humano, facilitando formações internacionalmente certificadas em Portugal e no Brasil.

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