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Criança abraçar barriga grávida

Digo muitas vezes que os nossos filhos são gerados por nós, mas não são nossos, sobretudo quando escuto das famílias com quem trabalho, perguntarem-me, num primeiro momento: “Rita, de quem são os meus filhos, que parecem ter vontade própria?!” E têm!! Convido-te a respirares fundo, antes de prosseguires a leitura. Caso sintas algum desconforto no teu corpo, coloca as tuas mãos, gentilmente, na zona onde sentes o incómodo e diz-lhe: “É interessante, tenho a certeza que faz sentido”. Respira fundo, pelo abdómen e volta ao presente. Vamos junt@s!

Se leste a minha entrevista à Revista Zen Energy, deste mês, viste que voltei a mencionar que as crianças não veem a este mundo para preencher as necessidades emocionais dos pais. Assim como não estão aqui para corresponder às expectativas dos adultos, um dos grandes venenos das relações. 

O teu filho é um ser único, não é um ‘mini you’

Cada criança tem uma identidade única, dons únicos e um propósito só seu. São mesmo os nossos melhores mestres, se nos despirmos do lado pouco saudável do ego e dermos espaço à humildade para que, com curiosidade, a criatividade faça o seu trabalho e possamos todos evoluir. Sempre que quisermos questionar como e porque fazemos o que fazemos.

Virginia Satir 

“No mundo inteiro não há ninguém como eu, embora haja pessoas que tenham partes que se parecem comigo. Portanto, tudo que sai de mim é autenticamente meu, porque eu assim escolhi”.

Cada um de nós percorre um caminho e tem uma história. Não vale a pena comparar duas pessoas. O mais bonito deste caminho é apreciar o tesouro que cada um traz em si, darmos as mãos e seguirmos lado-a-lado, em comunidade. No caso dos pais, guiando, sem impor mapas, respeitando o mapa mundo da criança, a integridade, com responsabilidade, inclusão e igual dignidade. Só que vivemos tão condicionados pela nossa infância que custa a perceber que só quando trazemos à consciência o que conduz a nossa vida, podemos, finalmente, libertar-nos e sermos quem aqui viemos ser. Em autenticidade e congruência. Até lá, vamos continuamos a procurar fora o que temos dentro ou a projectar nos filhos, frustrações e traumas passados. Só quando nos libertamos da necessidade de controlo, quando vivemos desde um lugar de amor e não de dor, sentimos o alinhamento entre as três mentes, algo maior, e podemos fazer diferente, experienciar resultados nunca antes vividos. É viver uma vida generativa e co-criar uma família generativa, em cooperação e inteligência colectiva. Para saberes mais sobre como viver em generatividade, espreita o meu último livro Gurus de Palmo e Meio.

É por isso que a Parentalidade Generativa assenta num desaprender, para aprender em consciência, de forma generativa. Para que sintas quem queres ser, fazer e ter, a cada momento. Tu! Não quem alguém um dia te disse que eras, ou que alguém espera que sejas! Mas tu!! Assumindo a tua responsabilidade pessoal, aqui e agora, no único momento que temos.

Lembra-te do que nos disse Virgínia Satir:

“Não devemos permitir que as percepções limitadas de outras pessoas nos definam.”

Das leituras mais bonitas que já fiz acerca deste tema, destaco este poema, de Khalil Gibran, do livro “O Profeta”:

Os vossos filhos não são os vossos filhos.
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis outorgar-lhes o vosso amor, mas não os vossos pensamentos,
Porque eles têm os seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar os seus corpos, mas não as suas almas;
Pois as suas almas moram na mansão do amanhã,
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
Vós sois os arcos dos quais os vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e estica-vos com toda a sua força
Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que o vosso encurvamento na mão do arqueiro seja a vossa alegria:
Pois assim como ele ama a flecha que voa,
Ama também o arco que permanece estável.

Então, o que sentes agora, faz sentido os nossos filhos virem através de nós, mas não serem nossos? 

A Rita acredita que “a vida não é sobre perfeição, é sobre conexão”. Nascida em Portugal é uma cidadã do mundo. Mãe de duas gurus, numa família multi-cultural, é pnl master trainer e globalmente reconhecida por ser a pioneira a integrar a PNL e o trabalho Generativo na Parentalidade e famílias, criando a Parentalidade Generativa. Autora de “Mães do Mundo” e “Gurus de Palmo e Meio”, é ainda co-autora nos 1º e 2º volumes do “Powered by NLP” e a vencedora do 2019 NLP Award, na categoria Educação.

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