Como sair do piloto automático por ti, pela tua família, por todos!
“Não é assim que se faz”, “comporta-te como deve ser”, “cumprimenta as
pessoas”, “vais cair e magoar-te”, “tens de ser uma menina bonita”, “os meninos não choram”, “se queres ser alguém na vida tens de ter boas notas”, “assim nunca vais conseguir, nem vais chegar a lado nenhum”… condicionamentos atrás de condicionamentos, que muitos de nós, crescemos a escutar, a guardar no inconsciente e que, agora, na idade adulta, continuamos a reproduzir e a perpetuar, ou seja, continuamos a viver a nossa vida, em piloto automático, à mercê do que vem de fora, sem sequer nos apercebermos.
De boas intenções está o inferno cheio
Ainda que com intenções positivas, a maior parte dos nossos cuidadores de referência (pais, avós, professores…) instalaram-nos crenças limitadoras que, até hoje, ecoam no nosso sistema interno e moldam completamente a nossa vida e o nosso destino. Pelo menos, até que para isso, despertemos!
Portanto, quando de alguma forma começamos a despertar para algo novo, quando dentro de nós começa a emergir a vontade de fazer diferente, vamos à procura (e ainda bem) de ferramentas e práticas que nos permitam ter e viver a nossa vida alinhada, com a verdade de quem somos e como queremos viver. Com a verdade que viemos manifestar. Só que as crenças instaladas na nossa infância, estão lá, presentes, algumas bem profundas à espera para serem vistas, acolhidas e reprogramadas por nós. E SIM!! É SEMPRE POR NÓS! Nós é que temos de querer, somos nós os responsáveis por perceber o que já não nos serve, e somos nós quem pode agradecer e deixar partir, programando agora, outras crenças, ecológicas, funcionais e ilimitadas. Para nós, para a nossa família, para o todo!
Renascer das cinzas
E este processo, esta viagem de transformação interior pode e vai certamente (falo por experiência e profissional) acordar sombras, levantar pó, aquele pó que deixámos anos a fio, debaixo do tapete. Vai desenterrar dores, memórias (muitas delas) dolorosas que estavam tão enterradas que chegámos a acreditar que já tinham tido honras de funeral quando, na verdade, estavam apenas moribundas e vivas. E é neste momento que, muitas vezes, desistimos ou queremos desistr. E porquê?
Porque fomos, tantas vezes, condicionados e impedidos de ter a oportunidade de sentir o que estávamos a sentir, de chorar, de expressar a nossa voz, habituamo-nos a não sermos vistos, nem reconhecidos, estamos traumatizados (já aqui falei disso) que, olhar para dentro, conectarmo-nos com o que estamos a sentir, se torna desconfortável, atingindo, num determinado momento, um profundo e intenso nível de dor. Dá-lhe as boas vindas.
Podes comprar a varinha de condão, se não a souberes usar, de nada te serve!
Depois, quando procuramos algum tipo de terapia ou formação, queremos respostas rápidas, soluções milagrosas e, de preferência, indolores. Queremos técnicas, ferramentas o mais mecânicas possíveis, check-lists bem específicas nas quais temos a certeza que, ao aplicá-las, a nossa vida e as nossas relações mudam como um passo de mágica bem à maneira do Aladino e da sua lâmpada! E está tudo bem em querer ferramentas práticas, rápidas e indolores. É um caminho! Mas sei, por experiência própria, por já estar neste caminho do desenvolvimentos pessoal, espiritual há vários anos, e por já ter concluído formações e certificações nacionais e internacionais, direcionadas para estas temáticas, que não é esse o MEU caminho!
E o nosso corpo sabe a verdade!
A psicóloga polaca Alice Miller reconheceu que: a verdade sobre a nossa infância está armazenada no nosso corpo e, embora possamos reprimi-la, nunca poderemos alterá-la. A nossa mente racional pode ser enganada, os nossos sentimentos manipulados, o nosso corpo pode ser enganado com medicação. Mas vai, nalgum momento, apresentar a sua conta, pois o nosso corpo é tão incorruptível quanto uma criança que, ainda inteira em espírito, não aceitará concessões ou desculpas, e não deixará de nos atormentar até que paremos de fugir da verdade.
Ganhei esta consciência quando encarnei a vivência da Parentalidade Generativa e a minha vida foi totalmente revolucionada!
Na Parentalidade Generativa (generative parenting®) acreditamos que os pais e/ou adultos de referência, só estão em condições de educar/guiar as crianças quando se (re)educam a si próprios. Ou seja, depois de curarem as suas feridas emocionais da infância, depois de verem, acolherem e reconhecerem a sua criança interior. Nessa altura sim, podem ver e acolher as crianças por quem elas são e não pelo que gostaríam ou imaginaram que fossem. Desde um lugar de amor e abundância, sem expectativas. Desde e com o coração, em coerência cardíaca, em ‘heart & brain coherence‘. Esta é a vivência que cria relações espirituais e generativas. Até porque a semente são as emoções generativas (espreita aqui o que são, como funcionam, como gerá-las).
A Parentalidade Generativa é uma forma de vida!
É de e para a Vida. É sobre cada um de nós, sobre cada criança interior, sobre consciência e transmutação através da cura, sobre a desconstrução da “personagem” que nos disseram ou fizeram crer que somos, sobre nutrir a nossa auto-estima e irradiar a luz que nos habita. É uma libertação das amarras que nos colocaram e é um resgatar da nossa verdadeira essência expressando quem aqui viemos SER, conectados connosco e com algo maior. Aqui e agora. É uma forma de estar perante nós mesmos e na Vida que nos pede presença, intencionalidade, compromisso, coragem e fé (e esta sem religiosa). É uma vivência conectada e generosa.
E é deste este estado que temos as verdadeiras condições que nos abrem portas para mudar e transformar processos e resultados! É a partir daqui que chegamos a outro nível… ao nosso nível vital!