Como falar com os pais sobre a avaliação dos filhos
O ano letivo chegou ao fim e, com ele, chegou também o momento de fazer as avaliações de final de ano das crianças, com as famílias, normalmente com os pais. Como eu gosto destes momentos!! São momentos de um valor imensurável onde, com tempo, posso escutar os pais, dar-lhes feedback sobre como os filhos estão em termos de desenvolvimento emocional e intelectual e, acima de tudo, posso fazer das coisas que mais prazer me dão – escutar activamente, questionar e acompanhar, despertando, processos de reflexão e consciencialização.
Conversas que nutrem pais e filhos: famílias!
As conversas que tenho com cada família vão muito além do superficial, daquela ponta do icebergue, do aconselhar métodos ou de lhes dizer o que está certo ou errado naquilo que fazem. Mergulhamos juntos à estrutura profunda. Cada família é um sistema e, cada uma, sabe de acordo com o que quer ver no mundo, as suas intenções, os seus valores e as suas crenças, o que lhe faz sentido experienciar. A mim, cabe-me o papel de dar suporte e também enquanto Consultora em Parentalidade Generativa, sugerir estratégias que se ajustem a cada elemento do agregado familiar e ao todo, partilhar dados validados pela ciência e que os ajudem a ter uma consciência ampliada do que dizemos e fazemos tem repercussões no desenvolvimento saudável da criança.
A avaliação que nutre a relação
Levo para cada momento de avaliação, a minha presença e intenção de ter o meu coração aberto e de ser um canal para que cada família leve consigo daquele momento de partilha o que precisa para tornar a relação com o seu filho o mais generativa possível. E sabem o que acontece? Na maioria das vezes acabamos por falar mais sobre os próprios pais do que sobre os filhos. E sabendo que aos olhos da Parentalidade Generativa (PG) os filhos revelam onde os pais podem evoluir e crescer, na relação mais generativa e espiritual de todas as relações humanas, faz todo, mas mesmo todo o sentido que assim seja.
O que precisam saber sobre avaliação, relação e desenvolvimento generativo
Dentro dos vários tópicos que abordámos para que pudessem refletir, estes foram os que tocaram em alguns dos pontos chaves que precisam de ser vistos, acolhidos, integrados, transcendidos na maioria das famílias. Partilho-os convosco, tenho a certeza de que vos são úteis:
- Se vêem a criança além do que idealizaram que ela fosse aceitando-a como é;
- Se olham para a criança através do seu próprio olhar ou pelas lentes da sociedade;
- Quais os valores que querem transmitir aos filhos e como os incorporam na relação que estabelecem com eles;
- Se são exemplo daquilo que querem ver no mundo;
- Se se questionam sobre quem é a criança para além dos seus comportamentos;
- Como estão a perpetuar na sua parentalidade as vivências da sua própria infância;
- Que mensagem o comportamento dos filhos pode estar a trazer sobre eles enquanto pais;
- Quais as suas intenções enquanto pais;
- Se estão atentos às necessidades por satisfazer que estão por trás de comportamentos que consideram como desafiantes;
- Quais os comportamentos específicos que observam quando acreditam e dizem que os filhos estão a ser teimosos, mal comportados, birrentos;
- Como cuidam do seu bem estar emocional – o que fazem que lhes transmite bem estar e harmonia;
- Se são capazes de expressar a sua autenticidade e espontaneidade sem medo de serem julgados – faz toda a diferença quando olhamos para as crianças;
- Como é que determinado comportamento dos filhos desperta “gatilhos” que os fazem reagir com gritos, palmadas, castigos…
- (…)
A Parentalidade Generativa na linha da frente
A Parentalidade Generativa é uma jornada contínua de e para a Vida! É um reajuste constante ao que sentimos dentro de nós e da integração das nossas três mentes – somática, cognitiva e cardíaca – com a mente de campo.
Quem pratica e vive a Parentalidade Generativa, acredita que cada um de nós é um ser único, com dons únicos que merecem ser vistos e reconhecidos como tal. É saber que somos nós, enquanto adultos, que podemos escolher assumir a responsabilidade de nos (re)educarmos – sentindo, reconhecendo, acolhendo, integrando e curando as feridas da nossa infância para então, desde um lugar de amor e generosidade, com curiosidade e criatividade embarcarmos na viagem da parentalidade ao mais alto nível, como diz a nossa Rita Aleluia, COM CONEXÃO SEM PERFEIÇÃO!